Sem mesas, cadeiras, paredes, quadros, sem absolutamente nenhum grande recurso, pelas ruas de Niterói e São Gonçalo, no Rio de Janeiro, nos deparamos com uma figura humilde, simples, mas muito simpática. Que a arte não tem limites, isto sabemos, que grandes artistas precisam de pouco para liberar sua expressão, sentimento e vontade em suas artes, também sabemos, mas o que nos intrigou caminhando pelas ruas de Niterói, foi: Como alguém com tamanho talento, vaga pelas ruas desta maneira? Como nenhuma boa alma ainda não descobriu este cara? Por que?
Não sabe do que estamos falando? Ainda não entendeu esta matéria? Pois bem, hoje, não vamos apenas falar de arte, mas vamos falar de um cara, um humilde senhor artista que vaga pelas ruas, que nos chamou muita atenção. Estamos falando do senhor José Carlos Ferreira, conhecido como Carlos, o artista das ruas, que vaga vendendo desenhos maravilhosos por Niterói e São Gonçalo.
O Carlos é uma pessoa humilde, há pouco tempo sofreu um pequeno acidente em seu antigo trabalho e ficou impossibilitado de voltar, com a depressão batendo, ele resolveu desenvolver um dom, que nem sabia que tinha, começou a vagar pelas ruas e ao invés de pedir dinheiro, como muitos, ele simplesmente começou a desenhar, e engana-se quem pensa que são meros desenhos, não, são lindos croquis. Vale ressaltar que o seu Carlos é analfabeto.
Pergunta: Há quanto tempo o senhor desenha?
Carlos: Então, eu nem sabia que tinha isso com desenhos, eu sofri um acidente, parei de trabalhar, comecei a ter depressão e no auge disso tudo eu descobri o desenho, tem mais ou menos 2 anos.
Pergunta: E como nos disse, o senhor é analfabeto, como desenvolve croquis maravilhosos como esses? Da onde vem inspiração? Já que o senhor nunca teve contato com uma revista de moda, desfiles, etc. Como o senhor desenvolve essas ideias?
Carlos: Então, eu não sei explicar direito, mas eu observo as pessoas, eu sempre gostei muito do corpo feminino e das roupas, as mulheres sabem combinar as coisas, sempre admirei. Analisando isso, eu comecei a reparar melhor em como as mulheres combinam as peças, eu observo cada mulher que passa por mim nas ruas e assim vou inventando minhas roupas para elas, assim começo a desenhar. As vezes vejo algumas fotos em capas de revistas nas bancas, isso também é um estímulo para eu inventar peças.
Pergunta: E por que vende seus desenhos a R$:1,00?
Carlos: Eu vou ser sincero com vocês, eu não sei o valor dessas coisas de moda, vender os desenhos a esse preço é o meu ganha pão, eu não entendo nada desse mundo de moda, mas eu gostaria muito de entender, meu maior sonho é conhecer uma loja por dentro, ou um atelier como vocês falam.
Pergunta: Nenhuma dessas pessoas que compram seus desenhos nunca lhe estendeu a mão? Nunca trouxe alguém especializado em moda para ver o seu belo trabalho?
Carlos: Olha, já vieram muitas pessoas que estudam moda ver meus desenhos, inclusive já fiz uma coleção inteira, como vocês falam, para uma estudante, não sei nem se é certo falar isso. Mas assim, eu não tenho como fazer uma faculdade, ninguém vai me aceitar, eu não sei nem ler e nem escrever, eu só sei desenhar. Algumas pessoas quiseram me ajudar, mas viram que seria complicado, então apenas me ajudaram comprando muitos desenhos. A vida é injusta, mas eu não desisto.
Diante deste bate papo com este humilde artista, resolvemos relatar nosso apelo pela arte. A arte de rua, a arte que vai para as ruas, essas pessoas que não tem condições, e ainda sim, estão dispostas a dar a cara para bater, fica nosso apelo para quem quiser ajudar.
Nós ficamos extremamente emocionados, é um dom incrível, a moda não pode deixar escapar pessoas como ele.
Beijos!
Equipe Moreht
